São tão poucos os poetas no mundo !
É muito pequena a densidade demográfica da poesia nas cidades !
Quanto habitamos por quilômetro quadrado ?
Somos Amazônias de distâncias e silêncios.
Para todo ser humano, para cada cidadão
O direito sagrado ao pão ao vinho ao salário digno
Ao amparo da casa e à companhia da Poesia,
Um poeta como seu duplo, seu outro eu :
Um poeta no mundo para cada habitante recenseado
- Uma humanidade solidamente construída.
Vejam as ruas das cidades
sítios campos desertos
De gente desamparada e de espaços sem gente
E a falta que a Poesia faz para cada um
Como se Deus lhes faltasse também.
Procurem os poetas com refletores de laser à luz do dia,
Eles não estão escondidos e exilados em livros e bibliotecas,
Não nasceram ainda, não se multiplicam na face da Terra
Como uma explosão genética saudável e necessária
Para harmonizar cada homem e cada mulher
Iluminação atomizada parindo a Vida
Na indescoberta pedra preciosa de um poema
Com os pedaços do céu do ar do mar e da terra
E a fecundante semente cereal de cada palavra.
(Jardim Atlântico, Olinda /
janeiro de 2005)